domingo, 3 de novembro de 2013

Bem esta é a minha primeira postagem, não é uma novidade para quem me acompanha no facebook, enfim esta é a primeira crônica da série "Metonímias de Fim de Mundo". Espero que tirem algum proveito do que foi dito por mim (e não por Confúcio, zueira, gosto muito dele, tanto que foi homenageado com o endereço do blog :) .
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Crônica da Metonímia de Fim de Mundo

“Só se recorre a dialética, quando não se tem mais nenhuma saída” – Nietzsche


Era dia de semana, qualquer dia desses, pode ser quarta-feira mesmo, afinal, tudo termina na quarta-feira. Um menino olha perdido pela janela esperando algo que não vai chegar. Ele se lembra de um dia de outrora quando fora adulto, culto, ou será o contrário? Ele era ainda mais menino e se lembra bem das noventa e nove cores que enxergava pela televisão preto e branca. Era muito colorido e se televisão transmitisse cheiro, bem, não enxergaria mais nenhuma diferença entre o mundo real ou o mundo que começava na TV e se estendia em sua protoimaginação. O menino da janela não se lembra porque sempre se lembra do outro menino que fora antes que é o mesmo menino dele aliás. Confuso não? Esta é apenas a membrana da célula. O menino da janela pensa que está olhando a madrugada preto e branca que o cerca. As noites tem sido extremamente anticoagulantes, sentindo-se apertado pela mais pesada armadura medieval que o impuseram. Seu coração nunca foi blindado. O sono lhe fugia como se parecesse que o conhecesse, como todos que o conheciam fugiam aliás. Ele vagueia sozinho pelas ruas de Tóquio sem saber que estava verdadeiramente ainda na janela. Sozinho sim, perambula por Tóquio e todos que passam sobre ele o vê e o cumprimenta, ohayo-gozaimazu! O mundo opaco não o impede de ver o intangível como teu tato, sensibilidade, concentrada apenas entre teu tórax. As borboletas em teu ventre formaram casulo no seu galho preferido de solidão e retornaram ao estado larval, devorando suas entranhas, rins, pulmão, fígado e quando chegam ao coração param. Chove a noite inteira. Eu detesto chuva, mas a noite, tudo bem, tudo passa; pensa. Da sua janela ele se vê em Roma. Roma não se construiu em um dia, e Roma invertida não se destrói em um pôr-do-sol. Tudo que sentia era humano, demasiado humano, de mais o super-humano. Cinco sentidos fadados a se sensibilizar por cinquenta tons em preto e branco. Cinco sentidos que não apontavam nenhum sentido comum entre si, e desde a quarta feira não faziam mais sentido. Não só as cores, os jardins e constelações puseram todo o teu charme cósmico para correr. Tudo o que fizera é como as pétalas do antigo jardim que despedaçastes ao vento, na segunda-feira, ou a poeira estelar que colhera, ela(s) não vão voltar. Um gole, dois goles, três goles... e a água era a única coisa que engolia com gosto; logo a água! Dans ta rue, il y a de gent (Em sua rua, há pessoas – pt) que o cumprimenta também, assim como em Tóquio, fala mano! E aí mano! Um sorriso singelo, um abraço amare... preto e branco. A quinta feira chega e ele não sai da janela. Sei muito bem que no Dia Depois do Amanhã ele continuará tendo que levantar. Em terras queimadas já se fizeram as melhores colheitas e em terras vulcânicas nem se fale mais. As vozes que todos ouvem em sua mente menos ele próprio susurra-o: “Não vai voltar”. Mas como tudo na mais íntegra metonímia, nada dói insubstituivelmente. 

(Será respeitado o máximo possível a norma padrão do português brasileiro, porém digo de antemão que não sou expert, portanto serei passível de alguns erros, sem contar palavras de outro idioma e neologismos que poderão conter nas postagens. 
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 Por uma vida sabida e vivida!!!

Apresentação

Olá a todos, eu sou Marcelo Vini, estudante de História, apaixonado por reflexão filosófica, escrita e memória e também por toda bobajada da intelectualidade e do conhecimento. Na verdade este blog está sendo criado por mim, para servir mais como uma base de dados online  de algumas obras que escrevo (basicamente poesia e crônica, muito de vez em quando uma chata psudo-dissertação) uma base de dados útil para armazenamento seguro contra perdas na memória do PC, porém expositiva. Levarei este blog tão a sério como uma criança encara sua brincadeira costumeira. Muito obrigado a todos e divirtam-se.
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Por uma vida sabida e vivida!